O wakeboarder capixaba Rafael Braga, de 23 anos, se encantou pelo esporte desde criança. Começou a praticar com apenas 12 anos e cinco anos depois já participava de campeonatos fora do Estado. Hoje está entre os 20 profissionais do país, atuando como juiz do campeonato brasileiro e do Circuito Capixaba de Wakeboard, que acontece esse sábado, 27 de outubro, na Praia do Minotauro, que fica na Lagoa Juparanã, em Linhares.
- Como conheceu o wakeboard?
Conheci primeiro o ski aquático tradicional, que é uma modalidade parecida com o wakeboard, aqui em Vitória mesmo. Via o pessoal praticando na praia, mas sempre tive vergonha de pedir emprestado ou para alguém me ensinar. Mas sempre achei o esporte muito interessante e tinha vontade de aprender.
- Como começou?
Comecei a praticar em 1996, quando fui para os Estados Unidos e comprei minha primeira prancha. Também já tinha um jet ski. Foi aí que resolvi aprender sozinho mesmo. Meu pai puxava o jet ski e eu tentava ficar em pé na prancha. Demorei cerca de um mês e meio para conseguir, porque estava aprendendo sem ajuda de um instrutor. Passei dois anos treinando no jet ski, inventando algumas coisas, e depois comecei a praticar com uma lancha me puxando. Na lancha comecei a tentar manobras maiores, que via na TV.
- Onde começou a praticar?
Sempre treinei em Vitória. Comecei a praticar na praia, mas tinha muito vento, muita onda, que acabavam atrapalhando as manobras. Depois descobri o manguezal, junto com Eduardo Pagani, que está participando do campeonato. Lá é muito melhor, um dos melhores lugares do país para treinar, porque está sempre liso e as raízes do manguezal amortecem a marola feita pelo vento ou pela lancha, não interferindo nas manobras.
- Quando participou do primeiro campeonato?
Com 17 anos participei de uma competição para iniciantes em São Paulo. Não sabia como estavam as minhas manobras à nível nacional, mas acabei me saindo bem e fui convidado para participar do brasileiro.
- Como são seus treinamentos?
Eu tenho treinado muito pouco. Como não tenho patrocínio me dedico à outras coisas além do esporte. Tinha que fazer faculdade e trabalhar. Enquanto os atletas profissionais nacionais treinam todos os dias, até duas vezes por dia, eu treino uma ou duas vezes por mês. E sempre que possível treino também em camas elásticas.
- Está participando do brasileiro? Como está sua colocação?
Não estou participando do brasileiro porque, além de estar treinando pouco, estou sem patrocínio. O custo para participar é muito alto e não tem nenhum outro atleta capixaba para dividir pelo menos o hotel. O ano que vem quero participar e já vou entrar para a categoria Profissional. No último campeonato brasileiro que participei estava na categoria Open, mas consegui apresentar um nível bom e passar para a profissional.
- Já participou de competições de nível internacional?
Participei do campeonato Latino-americano, que aconteceu no Rio de Janeiro, na categoria Juvenil. Consegui conquistar o oitavo lugar.
- Você é um dos principais atletas capixabas. Como é representar o Estado em competições nacionais?
Organizei os primeiros campeonatos de wakeboard no Estado, mas depois tive que deixar essa paixão um pouco de lado por causa da faculdade. Comecei a praticar quando ninguém falava do wakeboard aqui em Vitória. Fico feliz de poder levar o nome do Espírito Santo para campeonatos fora daqui, é muito gratificante.
- Como é ser juiz do campeonato estadual?
É legal e complicado, ao mesmo tempo. Fico muito dividido. Conheço o pessoal que está competindo, a gente treina junto. São meus amigos, meus irmãos e não posso dar dicas durante a competição. Mas também é muito bom ver a evolução que eles estão apresentando nas manobras.
- Como está o esporte no Estado?
Falta patrocínio. Não temos como nos dedicar somente ao wakeboard para poder competir com atletas de outros Estados. Apesar de apresentarmos um nível alto, precisamos de verba para competir fora. Mas o esporte está crescendo e mais gente está competindo.
- Qual a importância de realizar o Circuito Capixaba de Wakeboard?
Com o circuito os atletas começam a criar um espírito de competição muito saudável para o esporte. O pessoal passa a treinar mais para fazer uma apresentação melhor e conquistar o título. Além disso, chama a atenção para o esporte e para a necessidade de patrocinadores.
- O que está esperando para esta segunda etapa do circuito?
Vai ser bem competitiva e disputada. Os atletas estão treinando manobras específicas e, com certeza, vão fazer uma boa apresentação. Além disso, no último campeonato a etapa de Linhares foi super divertida. A gente sai de casa e aproveitamos a oportunidade para fazer uma integração com o pessoal que pratica wake em outros lugares.
- Qual a importância do esporte participar do Pan?
Mostrou a força que o wakeboard tem. É um esporte bonito, cheio de adrenalina. Além disso, chama a atenção da mídia, tornando o wake mais atrativo e traz mais atletas e patrocínio. E ter um brasileiro como campeão em uma competição que envolve toda a América mostra a força do país nesse esporte.
Foto: Romero Olli
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