terça-feira, 13 de maio de 2008

Baixos salários

Da coluna Hélio Dórea:


Melhor remuneração
A OAB-ES divulgou nota reivindicando melhor remuneração para os Procuradores do Estado. Até aí, tudo bem. Entretanto, um advogado amigo desta coluna telefonou dizendo que seria mais justo que o órgão tivesse incluído na sua proposta os Procuradores da Assembléia e Tribunal de Contas. Ainda há tempo.


Será que ele não consegue incluir melhor remuneração para Pedreiros, Cozinheiros, Faxineiras, Jornalistas, entre outros trabalhadores honestos? Ainda há tempo. Fica a dica.

Greve de ônibus

Do Folha Vitória:


HAHAHAHA....Até parece! Com a greve a solução é ligar pro chefe e dizer: "tô sem como chegar no trabalho... vou ficar em casa"...

E a felicidade reina até para quem tem carro e a oportunidade de dar o golpe.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Cidade pequena com problema de cidade grande

Vitória começa a ver os problemas do crescimento e até quem é acostumado sente as dificuldades

por Fábio Linhares


É só visualizar uma placa indicando homens trabalhando que o capixaba já se desespera. Também, uma cidade que se movimenta com duas vias principais (Reta da Penha e Beira Mar) não tem para onde fugir quando o assunto são as obras. E até quem já viveu realidades bem mais dramáticas reclama do caos no trânsito de Vitória. Mas também vê o lado bom de se aproveitar um engarrafamento.


Carlos é um paulista “firrmeza” que veio de mudança para Vitória recentemente. Cargo de gerência, salário maior, no entanto, uma vidinha muito pacata para ele, como sempre reclamava. Gostava mesmo da agitação e da correria de São Paulo. Não subiu no emprego da noite para o dia, mas com finais de semana enfurnado dentro de um escritório a trabalho.
No novo serviço e na “nova vida” a realidade não era diferente, e com os funcionários que lhe são subordinados sempre exigiu pontualidade e rigor nas atividades. Não admite atrasos e, quando ocorria, a desculpa menos aceitável para ele é a de engarrafamento no trânsito.
— “Vocês precisam ver como é lá em Sampa. As vezes saía de casa às 6 da manhã pra chegar as nove no serviço. Isso aqui não é nada se comparado a lá...Parece que vocês não lêem jornal”, resmungava aos funcionários.
Talvez a falta de uma composição familiar o deixava menos humanizado. Sempre foi dedicado para as máquinas, cálculos, planejamentos e na perspectiva de crescimento profissional. Com a mudança para solo capixaba a situação se complicou. Agora longe da mãe, que sempre fazia parar 10 minutos para um lanche, e fora da academia há meses (uma atividade, aliás, que ele fazia por obrigação) agora emagrece cada vez mais.
E na manhã da última quarta-feira decidiu acordar cinco minutos mais tarde do que de costume. Uma regalia que resolveu tirar da manga e se presentear. Para chegar ao trabalho é só atravessar a Avenida Fernando Ferrari, saindo de Jardim Camburi, na Capital, e chegar até a conhecida Reta da Penha, onde teria uma reunião importante.
Um tanto atrasado, afinal, na concepção perfeccionista, cinco minutos poderiam lhe custar caro. Saiu de casa ainda acertando o nó da gravata e sem tomar um gole de café. E sem ver também os noticiários matutinos, que sempre o deixa-ra bem informado, e, que naquela manhã, noticiava um longo engarrafamento na Fernando Ferrari.
Acontece que prefeitura e governo do estado estão duplicando a via e nesse dia ocorreu mais uma mudança no trânsito por conta das obras. O engarrafamento já chegava próximo a reta do Aeroporto de Vitória, o que deixou Carlos extremamente nervoso.
Sem mais o que fazer ligou o rádio em uma emissora all news aguardando informações sobre o porque do engarrafamento quilométrico. Sem muitas notícias e o que fazer decidiu então trocar de estação para uma que tocasse alguma musica calma e relaxante. Nessa hora os pensamentos começaram a ir num carro de fórmula 1, enquanto seu corpo, preso no engarrafamento não saía do lugar.
Começou pela primeira vez a sentir saudades de sua mãe e das pausas para o café nas madrugadas. E a se lamentar por ter terminado um relacionamento que viveu anos com aquela que seria a mãe e esposa ideal, mas que não agüentava passar finais de semana sozinha esperando que ele terminasse os cálculos das planilhas. Ao mesmo tempo uma dor no pescoço o fez lembrar o quanto a academia lhe fazia bem e não era uma perda de tempo cuidar do corpo e da saúde.
Ao mesmo tempo em que pensava rápido, o carro seguia devagar e sua visão parecia ainda ver um filme em câmera lenta com imagens que mesclavam o passado e a paisagem fora da janela do veículo. Até que um barulho muito forte chama a atenção dele e tudo que via fica congelado. Pause? Não! Stop. A vida parou ou foi o automóvel?, lembrou-se de Drummond.
Um buzinaço respondeu a pergunta. Quando se deu por conta estava há metros de distância do carro da frente. Decidiu descer e um pneu furado lhe deu mais tempo de pensar na vida e no que realmente queria dela.