terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Chuva deixa 4 mil desalojados em Barra de São Francisco


No meio das ruas do bairro Campo Novo, em Barra e São Francisco, no Norte do Espírito Santo, o que vi foi uma montanha de móveis que viraram entulho. Cinco dias depois daquela que foi considerada a maior enchente da cidade nos últimos 50 anos os estragos ainda são contabilizados. Nove bairros naregião do centro foramatingidos pelo temporal que caiu na noite da última quinta-feira.

Quatro mil pessoas foram desalojadas e 23 ficaram desabrigadas. O nível de água nas casas chegou a um metro e meio. Até a prefeitura foi invadida pela chuva e documentos foram perdidos.

Era tanta água, ultrapassava a cintura de quem se arriscava, que minha equipe decidiu por segurança não entrar no bairro. Agora, a água baixou e foi possível ver de perto a situação dos moradores.

Na sala da casa da desempregada Mirian Siqueira Loureiro apenas uma TV em cima de uma mala velha e um colchão doado por uma igreja. “Estou desempregada, moro com minha filha e meu neto e não sei como vou fazer pra reconstruir tudo agora”, disse.

O que a dona de casa Alice Dias Lopes conseguiu salvar foi o que ela levou as pressas para o segundo andar da casa, onde ficou ilhada e passou o ano novo com outras quarto famílias. “Só salvei o fogão e a geladeira. Os móveis de Madeira e os colchões foram perdidos”, contou Alice.

Aos 77 anos Dona Filomena Rosa da Silva teve que se abrigar no segundo andar da casa da vizinha Alice. “Já tinha visto alagamentos aqui, mas como esse nunca. Foi Deus que me ajudou!”, relembra emocionada.

Durante a enchente o nível do rio São Francisco subiu 4m e 30 cm. A força da enxurrada levou uma ponte que ficava no bairro e só sobraram as madeiras da estrutura do local. Para que os moradores consigam atravessar para o outro lado a prefeitura construiu uma pinguela.

“Várias pontes de Madeira e até mesmo de alvenaria foram levadas pelo volume de água em todo município. Agora vamos trabalhar para reconstruir”, disse o prefeito Waldeles Cavalcante.

No fórum da cidade os armários estão abertos para secar os processos que molharam. A sala da defensoria pública foi a mais prejudicada.

Na semana passada fui até a casa em que Gilsilaine Jacinto Barbosa e o marido Carlito Ferreira moravam. Um quarto e a varanda foram desabaram por conta da forte chuva. O local era alugado e o dono do imóvel colocou a família no andar de cima da residência, mas a casa ainda corre perigo.

“Estamos dormindo com medo. Coloquei as coisas o estamos o mais perto da porta. A defesa civil também condenou essa casa, mas não temos para onde ir”, contou a dona de casa.

Em apenas 3 dias choveu 20% do que caiu durante todo o ano de 2010 em Barra de são Francisco. A prefeitura agora tenta ajudar essas famílias atingidas. Segundo o secretário de assistência social do município Alencar Marim mil colchões e mil cestas básicas serao doadas as famílias carentes.