quarta-feira, 16 de julho de 2008

Cronicando...

O bar da esquina é muito tradicional na Rua sete, no centro de Vitória. O local já foi espaço para os boêmios, que curtiam a noite da Capital regados a cerveja e cigarros. O dono do faz questão de manter o mesmo estilo de anos atrás, com as mesas quadradas de madeira e as toalhas vermelhas. O atendimento já não é mais o mesmo, mas passando por lá hoje ainda é possível encontrar figuras interessantes, que parecem ter surgido dos tempos áureos vividos pelo barzinho.
Todos os dias, por volta das oito da noite Zé Bacana sai de casa, anda duas quadras e chega com seu chapéu para tomar uma bebida e jogar conversa fora. Solteiro por opção ele diz estar a procura da mulher ideal, uma verdadeira Amélia. Que lave, passe cuide minimamente da vida dele. A noite de céu sem nuvens e estrelado hoje é especial.
Quem entra pela porta lateral é uma mulher alta, bonita, cabelos escovados, pele clara, cerca de 30 anos e um batom vermelho nos lábios. Ela senta e pede uma bebida, como quem ainda não tem programa para a noite. Zé, como um bom garanhão que é fica observando a moça e começa a apreciar a beleza. A cara dele já dava a entender todos os delírios que passavam pela cabeça do rapaz. Um verdadeiro amor platônico, que não sabe de onde é ou sequer o nome dela.
A cada gole de cerveja ele repara pequenos detalhes do vestido, como os bordados vermelhos da barra da saia. Até os garçons começam a olhar diferentes para a moça, mas não era o mesmo olhar de Zé, que estava sentado afastado do balcão principal. Ela passa a ser o comentário principal de todos os clientes do bar. Ao mesmo tempo que percebe Zé a olhar fixamente ela resolveu retribuir com um pequeno sorriso de canto de boca, o que revelou grandes dentes brancos e perfeitos.
Fica a indecisão. Zé não sabia se levantava e ia até lá ou não. Mas não ir seria uma prova irreal de incapacidade da parte masculina de Bacana. Lentamente, ao mesmo tempo que olha fixamente para a mulher misteriosa, ele arrasta a cadeira, acerta o chapéu o coloca o paletó nos ombros de forma mais confortável. Resolve dar impulso e levantar em direção a mais uma cantada, sempre infalível.
Ele percebe que as pessoas o olham estranhando a atitude dele. O caminho parecia maior do que o normal. Talvez o álcool já estava fazendo efeito na cabeça vaga do rapaiz. Ela permanecia sentada no mesmo local, mas sem olhar para ele. Assim que ele chega perto resolve se sentar ao lado dela e perguntar o nome. “- Paulo, respondeu com uma voz meio afeminada, mas gosto que me chamem de Margarida”. Sem mais uma palavra Zá Bacana se levanta, paga a conta e sai do bar.

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